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Material para trabalharem no mes de Março e Abril - QUARESMA

19-02-2011 23:27

           A quaresma é um período de quarenta dias, da Quarta-feira de Cinzas até a Quinta-feira Santa, antes do anoitecer. Neste tempo, a Igreja nos convida a uma profunda preparação para a grande Festa da Páscoa, através da penitência, do jejum, da esmola e da oração.

                Viver a Quaresma é conhecer a presença de Deus em nossa caminhada. Os quarenta dias que antecedem a Festa da Páscoa cristã evocam os quarenta anos que o povo de Israel passou no deserto, quando saiu do Egito, e os quarenta dias de retiro de Jesus no deserto, antes de iniciar seu ministério público. É tempo de preparação, de penitência, de revisão de vida e renúncia em favor de um bem maior.

O número quarenta na Bíblia

            Biblicamente, quarenta é o número da espera, da preparação, da penitencia, do jejum e até do castigo. Recordemos: por quarenta dias e quarenta noites choveu durante o dilúvio (Gn 7,4). Moisés esperou quarenta dias e quarenta noites para receber as Tábuas da Lei de no monte de Sinai. Os israelitas peregrinaram quarenta anos no deserto rumo à Terra Prometida (Ex 16,35). A cidade de Nínive fez penitência durante quarenta dias até chegar ao monte Horeb, onde Deus se manifestou na brisa (1Rs 19,8). Jesus jejuou quarenta dias no deserto, preparando-se para a sua missão (Mt 4,2; Mc 1,13; Lc 4,2). Após sua ressurreição, apareceu durante quarenta dias aos discípulos (At 1,3). Quarenta é, portanto, um número redondo que indica um tempo de preparação algo que virá.

O sentido pascal da Quaresma

                A Quaresma não pode ser compreendida como um tempo de sacrifício e sofrimento desligados da vitória de Cristo sobre a morte na Páscoa. Na verdade, participamos dos sofrimentos de Cristo para também participar de sua glória. Preparados e purificados pelo tempo penitencial, os cristãos renovam sua consciência de batizar: banhados e iluminados em Cristo.

Tempo de Batismo e de penitência

                O Concílio Vaticano II instituiu no duplo sentido da Quaresma: preparação ou lembrança do Batismo e tempo de fazer penitência. É o tempo privilegiado para preparar os adultos para receber o Batismo. Já a renovação batismal se dá através da escuta mais atenta aos apelos da Palavra de Deus.

Renovar o Batismo

                Trata-se de tornar-se mais discípulo, mais seguidor de Jesus. Através do Batismo, Cristo nos converteu e nos reconciliou com o Pai. Por sua morte na cruz e por sua ressureição, somos uma nova criatura.

 

Fazer penitência

A penitência cristã está fundada no Batismo, pois quem cai no pecado pode renovar a aliança com Deus através do sacramento da Reconciliação. O pecado, o egoísmo e o isolamento do dia-a-dia rompem nossa relação com Deus, que é sempre fiel ao seu plano e por isso dá novas oportunidades para voltarmos a ele. A conversão, entretanto, precisa de arrependimento, mudança de atitudes e reparo do mal causado. Por isso, é tempo de deixar-se conduzir pelo deserto da vida. Esvaziar-se de muitas coisas que não nos ajudam ao longo do caminho. Ir para o “deserto” da vida significa abandonar os velhos vícios, condutas e posturas que nos impedem de ver Deus e amar os irmãos. É rever nossas atitudes, reconhecer nosso lado negativo para superá-lo e vencê-lo.

Prática quaresmais: oração, jejum e esmola

A Quaresma propõe alguns exercícios que mostram o caráter da conversão. Na Quarta-feira de Cinzas, escuta-se o evangelho de Mateus (6,1-8.16-18), em que Jesus faz referência à esmola, à oração e ao jejum. São posturas que visam a uma nova relação do ser humano consigo mesmo, com os outros, com a natureza e com Deus.

Como celebrar a Quaresma

                Por ser um tempo penitencial, de volta ao Pai, de refazer o caminho da vida, é preciso valorizar os sinais comunitários que indicam essa condição. Destaca-se o ato penitencial nas celebrações para cantar a misericórdia de Deus, que acolhe quem se afastou e deseja voltar para casa do Pai. O madeiro da cruz ganha destaque como caminho necessário para a Páscoa. Dentre os gestos, o estar de joelho revela a condição da criatura humana que se abaixa e adora o mistério infinito do amor misericordioso do nosso Deus. É uma época especial para o sacramento da Reconciliação e as celebrações penitenciais comunitárias.

                A piedade popular nos convida à oração da via-sacra, para trilharmos, com Jesus, o caminho que passa pela cruz, mas que conduz à ressureição. A Igreja reveste-se de roxo, recordando a atitude de recolhimento, reflexão, penitência, vigilância. Não cantamos o Aleluia nem o Glória, também não colocamos flores na igreja nem usamos muitos instrumentos musicais.

Tempo da Campanha da Fraternidade

                No Brasil, durante a Quaresma, vive-se o período da Campanha da Fraternidade. É um esforço de toda a nossa Igreja para viver a Quaresma em sua dimensão comunitária e social. “A penitência quaresmal não deve ser apenas interna e individual, mas também externa e social” (Sacrossanctum concilium). Sem se esquecer das mudanças pessoais, a Igreja nos faz abrir os para situações sociais que precisam de atenção, cuidado e conversão. Busca-se, assim, assumir a missão do Mestre Jesus: “Para que todos tenham vida em abundância” (Jo 10,10). A Campanha da Fraternidade foi realizada em nível nacional pela primeira vez, na Quaresma de 1964.

                A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros) passou a assumir o planejamento e a promoção da Campanha da Fraternidade, que, de 1964 até hoje, tem sido um grande instrumento que nos ajuda a vivenciar mais o espírito quaresmal de conversão, nas suas exigências tanto no âmbito pessoal como no comunitário-social. Ela compromete os cristão católicos, e até de outras Igrejas, à prática de caridade concreta, à transformação da realidade, à construção do projeto de sociedade que Deus quer.

                A Campanha da Fraternidade tem como objetivos permanentes: a) despertar o espírito comunitário e cristão no Povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; b) educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho; c) renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária.

PÁSCOA

 

Semana Santa e Páscoa

Semana Santa

                Marca os últimos dias vividos por Cristo antes de sua paixão, morte e ressurreição. As celebrações iniciam-se no Domingo de Ramos, que é o Domingo da Paixão do Senhor, em que se celebra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e também a sua paixão e morte na cruz. A semana Santa encerra-se com a celebração do grande Tríduo Pascal.

Tríduo Pascal

                É formado por três dias: Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Sábado de Aleluia. Celebra a paixão, morte e ressurreição do Senhor. São os dias centrais do ano litúrgico da Igreja, a festa principal do cristianismo.

Quinta-feira Santa

                A ceia do Senhor: nesta noite é celebrada a instituição da Eucaristia e do sacerdócio. A Igreja reveste-se de branco, lembrando o esplendor da glória de Deus. Realiza-se também a cerimônia do lava-pés. Conforme a tradição, após a missa acontece a “vigília eucarística”.

Sexta-feira Santa

                É o dia da paixão e morte de Jesus. Não é celebrada missa nas igrejas, mas uma liturgia especial: a celebração da Paixão do Senhor. Também é costume realizar a via-sacra e a procissão do Senhor morto. É um dia muito especial, de jejum, penitência, oração, abstinência de carne e profundo silêncio. Nem os sinos das igrejas são tocados neste dia. A cor usada pela Igreja é o vermelho, lembrando o martírio e o sangue derramado por Cristo.

 

Sábado de Aleluia

                Durante o dia, a Igreja permanece em silêncio e na espera, meditando junto ao sepulcro do Senhor. Ao chegar a noite do Sábado Santo, os cristãos reúnem-se para celebrar a “vigília pascal”, que é o momento forte do Tríduo: “A noite da luz”, em que a Igreja canta a vitória de Cristo sobre as trevas da morte e do pecado e, exultando, anuncia a aurora da ressurreição. Esta vigília é a mãe de todas as liturgias da Igreja, por isso nenhum cristão deveria faltar a esta celebração. No Brasil, a religiosidade popular valoriza mais a Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor do que a Páscoa da Ressurreição.

                Ora, essa visão precisa ser purificada. Não faz sentido celebrar as dores do Senhor e não celebrar a sua vitória sobre todo o sofrimento e a morte. A vigília do Sábado Santo é o coração do Tríduo Pascal. Nesta noite, a Igreja reveste-se de dourado ou branco, lembrando o esplendor e a glória do Ressuscitado. Acontece a bênção da água batismal e do “fogo novo”, no qual é acesso o Círio Pascal, a grande vela que é sinal da luz de Cristo Ressuscitado, a qual permanece nas igrejas até o fim do Tempo Pascal.

Domingo de Páscoa

                É a festa solene da ressureição do Senhor, que acontece no amanhecer do primeiro dia da semana.

Tempo Pascal

                A Festa da Páscoa não se restringe ao domingo da ressureição. Ela se estende até a Festa de Pentecostes, que é celebrada cinquenta dias após a Páscoa, quando Jesus Ressuscitado nos envia o Paráclito (o Espírito Santo, o Consolador, o Advogado). O Tempo Pascal é cheio de alegria e exultação, como se fosse um só dia de festa, um “grande domingo de Páscoa”. São “dias de Páscoa” e não “após a Páscoa”. Os oito primeiros dias deste período são chamados de “oitava da Páscoa”, celebrados como solenidades do Senhor. No sétimo domingo da Páscoa, celebra-se a Festa da Ascensão do Senhor, quando Jesus volta ao céu, para junto do Pai.

Por que muda a data da Páscoa?

                Os cristãos deram um sentido diferente para a data da Páscoa. Eles comemoram a ressureição de Cristo, que aconteceu justamente nos dias da Festa da Páscoa dos judeus. O deia da Páscoa cristã foi fixado durante o Concílio de Niceia, em 325 d.C., como seno “ o primeiro domingo de lua cheia da primavera do hemisfério norte (no dia ou depois de 21 de março)”. Todo ano essa data muda, pois não depende do dia, como o Natal, mas a lua. Por que a lua cheia? Porque é quando a noite está iluminada, indicando que Cristo é a luz nas noites escuras de nossa vida. Ele é a luz para as trevas da morte. Por que a primavera? Porque indica que o inverno passou e a vida brota com toda a força. Talvez seja mais difícil para nós, do hemisfério sul, perceber a beleza deste simbolismo porque, entre nós, a Páscoa ocorre no outono.

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