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História de São Tarcísio!

15-02-2011 18:58

 

História de São Tarcísio!

 

Corria o ano 258 depois de Cristo. O Império Romano era governado por Valeriano. Ele deixava os cristãos em paz. Mas o velho prefeito, Macriano, disse-lhe assim um dia: — “Que o povo siga a doutrina de Jesus, vá lá! Mas que os nobres e os guerreiros se tornem cristãs, é um absurdo! E é exatamente isto o que está sucedendo. E tu deves tomar providências, ó Cessar.”             

— “Sim, — respondeu Valeriano — tens razão. Vou escrever um decreto de perseguição. A partir de hoje, mandarei perseguir os cristãos. Ai deles! Roma não deve submeter-se aos mandamentos daqueles Jesus Nazareno. Ordenarei, pois, que todo aquele que se declarar cristão, seja punido de morte. Somente se salvarão aqueles que, renegando a Cristo, honrarem os deus de Roma.”

Naquela noite, o velho Papa Sisto convocou os cristãos nas catacumbas. E disse-lhes: —“Irmãos, irmãs e filhos meus em Cristo! Como sabeis estamos sendo perseguidas, e a hora do nosso martírio se aproxima. Digo-vos mais, que já alguns dos nossos foram presos em cárceres frios e escuros. Rezemos por eles.”

A perseguição recrudescera. A caça aos cristãos tornara-se sempre mais encarniçada e desapiedada.

Os cárceres regorgitavam... Ao cair da noite, uma prece soturna elevava-se das negras e úmidas prisões: eram os cristãos próximos a serem martirizados, que rezavam. Naquela tarde, Tarcísio, o filho do Senador Tarsente, Andava ao redor dos cárceres, com o coração oprimido pela angústia e piedade dos cristãos... Ajoelhou, enfim, junto ás grades de ferro de um prisão.

Voltou a casa na calada da noite. Plautília – sua avó – exclamou:— “Assim tarde, Tarcísio? Esperei com ansiedade. Teu pai precisou esconder-se. Procuram-no para prendê-lo.” Respondeu o menino: —“Mas se o prenderem, ele não renegará a Jesus, não é verdade?” —“Oh! não, estou certa que não”, disse a avó — “Mas, agora, vem jantar, meu pequeno.”

Que jantar triste, sem o papai. Tarcísio começou a comer. De repente, perguntou: — “ É verdade, Plautília, aquilo que me contaram? É verdade que mamãe morreu martirizada?” — “Sim, respondeu a velha, acenando com a cabeça. É verdade. E um dia, Quando for maior de idade, teu pai te contará tudo. Ela era linda, e amava-te muito. Mas sacrificou-se pela fé em Cristo.

Altas horas da noite. Tarcísio e velha avó desceram às catacumbas. O papa lá estava sentado, falando aos cristãos: —“Irmãos, amanha, muito dos nosso serão julgados. E bem sabeis qual a sorte que os espera: a morte. Quem levará o Pão da vida, a Eucaristia? Quem de vós ousará penetrar no cárcere? Quem tentará levar Jesus - Hóstia para os condenados ao martírio? É uma tarefa dura e perigosa.”

—Eu! Eu! Eu! Gritavam várias vozes decididas. Tarcísio aproximou-se rápido, e com voz firme suplicou:

—“Santo Padre, deixai-me ir. Sou apenas um menino, e ninguém desconfiará de mim.” O papa fixou o olhar no jovenzinho, e leu em seus olhos um desejo ardente...—Sim, meu filho, tu levarás Jesus – Hóstia aos prisioneiros. Mas está atendo ao tesouro que levará contido.” — “Sim, Santo Padre, — exclamou radiante de felicidade. Eu o levarei com cuidado, assim, sobre o meu peito... Morrerei antes de permitir que os incrédulos me tomem.”

De manhã bem cedo, na via Ápia, os colegas de Tarcísio esperavam-no sentados sobre um monte de pedras. Entre eles estava o pequeno Fábio, amigo de Tarcísio. Alguém lhe perguntou: —“ Como é que o teu amigo não vem hoje?” — “ A esta hora, ele costuma esta aqui para jogar conosco”, disse outro. — “Tarcísio virá e há de vencê-los a todos, afirma o pequeno Fábio. Ele é sempre o primeiro no jogo, como é o primeiro também nos estudos.”

Eis Tarcísio que chega. Avança cauteloso e em silêncio, apertando alguma coisa sobre o peito. Os companheiros gritam: —“Finalmente! Vem jogar conosco! Já temos pedras aqui para começar o jogo.” — “Não posso agora, responde Tarcísio, continuando o seu caminho. Descupem-me, mas tenho antes um trabalho para fazer, e só depois poderei vir brincar.” Os companheiros soltaram uma gargalhada. Um deles acrescentou: — “Oh! Que importante estás hoje!... Vem brincar já, ou ajustaremos contas contigo.”

 Os meninos acercaram Tarcísio, indignados. Mas o pequeno rezava: — “Ó Jesus, faze que os meus braços se tornem de aço. Eu te aperto em meu coração para defender-te.” E tentou convencer os companheiros malvados: — “Deixe-me, deixe-me ir. Dou os meus dados, meu arco e flecha, tudo. Mas deixem-me ir.” Marcos, o mais malvado, e sempre pronto para brigar, gritou: — “Inútil, meu caro. Tu esconde alguma coisa, e não te vais embora assim não. Por que as mãos ao peito? Vamos? Vais dizer-nos, é já!”

“— Não posso dizer a ninguém!” — “E que trazes de tão Precioso assim, que não nos podes contar? Ora amigos vão mostrar-lhe que conosco não se brinca.” — “Tive uma idéia, diz um outro. Talvez Tarcísio seja cristão e esteja carregando os mistérios dos cristãos. Mãos á obra, pois! Vamos, Tarcísio, abre os braços. Vou contar até três: Um... Dois...” —“ Ó Senhor Jesus, ajuda-me! Ajuda-me !”

— suplicava Tarcísio baixinho, com os olhos voltados para o céu.

                —“ Vamos, já contei até dois. Decida.” A turma de malvados entusiasmava-se cada vez mas. Só o pequeno Fábio ficava quieto num canto, deprimido. — “Mostra o teu segredo ou corremos atrás de você com pedradas “, gritou a turma, já decidida. Tarcísio empalidecia... e seu olhos velavam-se de angústia. — “ Ó Rei dos mártires, não permitas que eu me separe de ti”, rezava baixinho. “faze que eu morra, antes que te expor aos malvados, que não te conhecem.” E decidido, Tarcisio pois a correr de presa rompendo o cerco dos moleques.

                —“Vamos, em cima dele, em cima dele! Gritava furioso o pior da turma, Marcos. Atirem pedras, que ele há de mostrar-nos o que tem escondido no peito.” — “Vamos, vamos, queremos ver o que traz consigo!” gritavam todos juntos.

                Pobre Tarcísio! Compreendeu que estava perdido. — “Não importa, aconteça o que acontecer, contanto que eu não ofenda a Jesus e não o exponha ao desrespeito de meus companheiros.”

                Os moleques caíram em cima dele. — “Deixai-o em paz,” gritava Fábio. Mas ninguém o ouvia. Batiam mais em Tarcísio, que caiu por terra. Mas seus braços não se moveram... não deixou cair o “mistério”, que ele defendia com uma força sobre-humana. — “Não te deixarei, Jesus, não te deixarei!” dizia baixinho, em seu coração. “Não te abandonarei!”

                Com um esforço enorme, Tarcísio conseguiu erguer se e andou um pouco. Começou a afastar-se a passos lentos e cabeça inclinada. Ao invés de se compadecerem, aqueles malvados se enfureceram ainda mais: — “Não nos fugirás, não nos fugirás! Há de mostrar-nos o teu segredo, custe o que custar.”

                —“ Decerto que não escara,” gritou Marcos. — “Vamos, atirem pedras, até que ele abra os braços e nós vejamos o “mistério” dele!” berrou um outro. Fábio punha-se na frente dos moleques, que não lhe davam ouvidos:— “Por favor, não façais isto, que o matareis. Sois malvados!” Mas os moleques ainda mais atiravam pedras sobre o pobre Tarcísio.

                ...até que, tonteado pelas pedras, caiu sobre si mesmo.

                — “Vamos, mais pedras, mais forte, que ele já está fraco. Há de ser interessante o que ele traz tão apertado ao peito. Havemos de ver, havemos de ver!”

                —“ Não, não quero, não quero!” gritava Fábio, tentando impedir o gesto criminoso dos companheiros. Mas tudo em vão. Ele sempre mais se encarniçavam no jogo brutal de apedrejar o amigo, que sempre tão bondoso tinha sido para com eles.

                Finalmente, uma pedrada mais forte atingiu a cabeça de Tarcísio. Sentiu uma dor aguda, sentia fugirem-lhe as forças. Mais seus braços continuavam firmes, preços sobre o perito, como se fossem de aço. Tentou avançar mais alguns passos, mais caiu sem sentidos. Os companheiros aproximaram-se triunfantes, para descobrir-lhe o “mistério”, mas nesse instante um soldado romano apareceu a cem metros de distancio.

—“Fujamos!” gritou Marcos. E o bando dos moleques desapareceu, ficando apenas o pequeno Fábio, junto a seu amigo.

                O soldado que se aproximava chamava-se Quadrato. Era cristão, ainda que ocultamente. Logo compreendeu o que sucedera com Tarcísio. Inclinou-se para ele, murmurando: “Pobre menino! Que te fizeram? Sofres muito?” —“Sim, sofro muito disse Tarcísio, abrindo lentamente os olhos. Mas não importa, não importa. Ninguém tocou em Jesus. Ele está aqui comigo, juntinho do meu coração.”

                Fabio chorava, ajoelhado junto ao amigo. Quadrato perguntou-lhe: —“ Quem é você? Que fazes aqui? Que é que aconteceu com ele?” — “Eu sou amigo dele, soluçava o pequeno Fábio. Gosto dele, e não atirei pedras... quero ficar perto dele,... bem pertinho.. éramos como irmãos! Ó Tarcísio, não quero que morras, não quero, não quero!” Quadrato ergueu a cabeça do pequeno jovem: —“Abra os braços, Tarcísio...”

                —Não, Quadrato, não posso abrir os braços... não... Leva-me junto ao Papa Sisto. A ele somente entregarei o tesouro que trago comigo. Sinto que estou morrendo... Já vejo os anjos... minha fé é verdadeira! E tu, Fábio, tu crê? “

                — “Sim, Tarcísio, eu creio... quero tornar-me cristão como tu... Creio! Assim, estaremos um dia novamente Juntos..”

                Quando, o soldado romano, levou o pequeno mártir nos braços, até as catacumbas. O Papa Sisto exclamou: — “ Tarcísio... Jesus - Hóstia foi salvo por teu amor e pelo teu sacrifício!” Só então o pequeno mártir abriu os braços... e expirou. As lágrimas comovidas do Papa e do soldado misturava-se ao sangue do pequeno martirizado, enquanto sua alma cândida e festiva voa até o trono de Deus.

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